quarta-feira, 23 de setembro de 2009

noda de cajú




preso feita castanha ao corpo
teu sabor me deixa louco
querendo me livrar da solidão,
essa angústia me arrasa,
estrapola, quase mata,
nem mesmo sei
quem é o mais certo
nesse meu mundo deserto,
se é a louca da desvairada sina
ou se é a doce purpurina razão.

O teu beijo ainda gruda em mim
como papel-parede tapando o sol,
as vidraças da minha vida
inflamada pelas violências
que a sua saudade deixou
cravada, tatuada, ferrada
embaixo do meu travesseiro
cheio dos cabelos teus
que eu uso como cobertor
para  aquecer nas noites frias
e solitárias.

Nem sabes o mal
que essa loucura me faz
ao me trilhar ao meio
e dividir em dois milhões
de caquinhos
feito poeira na estrada
das marés mais altas
a cuspiram desejos
de te acariciarem
quando quebras a esquina.

Menina, menina,
mata-me aos poucos,
eu somente tenho pressa
de morrer em teus abraços,
estilhaço de fogo,
vulcão em labaredas anônimas
do infinito que me vela
e me guarda
pra você.

Sérgio, beija-flor-poeta

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